LUTAR É UMA ARTE E VENCER FAZ PARTE

A vida pode ser como imaginas se não se perderes no caminho

Salve galerinha de todas as etnias, nações e tribos que freqüentam esse espaço simples e gaiato para saberem as novidades que rondam essa mente fértil e nem sempre tão lúcida. A históriaque vos contarei é um fato real que vem acontecendo há mais de duas décadas.

21 de junho de 1986. Zico parte para a cobrança de um pênalti contra a França numa Copa do Mundo, o Brasil está certo do gol, afinal era o Zico. Ele dá alguns passos, a nação sofre, reza, ele bate e.... perdeu. Zico perdeu o pênalti. Inacreditável!

Era surreal demais para acreditar que aquele pênalti sentenciaria nossa desclassificação na Copa. Tão incrível que nesse exato momento em nossa terra mãe, um pobre menino resolvera levar sua mãe para o trabalho de parto. Um corre-corre total num sábado atípico,um sobe e desce de médico, uma mãe gritando e um país agonizando. Nesse momento, Antônio Claret (o obstetra) não se importava mais com o desenrolar da partida no México, mas a cada sinal de comemoração, a cada som da agonia tupiniquim ele sutilmente olhava para os lados e de alguma forma se informava sobre o placar do jogo.

Enquanto isso a criança lutava para nascer, o sol já escondera no oeste e exatamente às 19:30 o árbitro apita o fim da partida. Brasil eliminado, França classificada e o parto finalizado. Nasce o garoto com o choro mais alto do berçário. Um choro de dor, de descrença, um choro de ódio, um choro de quem não crera no acontecido. Não o Brasil perder, mas o Zico desperdiçar um pênalti? Pobre criança recém nascida. Tão cedo e já sentindo o que o destino tinha a lhe oferecer.

Mas o tempo passou, o menino cresceu, outras Copas vieram e numa tarde comum ele adoeceu. Juntas médicas foram chamadas, o garoto rolava de dor, não parava de inchar. Sua mãe atônita, seu pai desolado, afinal haviam perdido um filho vítima de hipertensão pulmonar com cerca de 11 meses de idade há 2 anos. Era muita coisa para suportar.

Foram anos de lutas e tratamentos infindáveis. O garoto, agora com 8 anos não sabia o que era levar uma infância comum. Todo ano passava um pedaço de sua pequena vida no hospital. Os estudos eram penalizados, o tempo ia passando e a vida escorrendo pelos dedos.

Chegamos a fevereiro de 1999. Algo estranho acontecia, dizia o garoto agora com quase 13 anos. Por que ele não estava matriculado na escola? Por que sua mãe chorava? Qual o motivo do isolamento de seu pai? Muitas perguntas e nenhuma resposta. E foi melhor assim, pois talvez se soubesse que tudo se resumiria a um porquê, certamente ele teria desistido.

Os porquês se davam pela sentença médica de 6 meses de vida.

Se fossem abertos seus olhos ele entenderia os risos forçados de sua mãe na cabeceira de sua cama nos hospitais que passava, o choro noturno de seu pai que ele nunca entendia, o amor exagerado de sua família e o motivo de tudo em sua vida estar tão misterioso. Não tinha mais jeito, ele não tinha forças, nem armas.

Aliás, arma ele tinha. Levava consigo a ingenuidade astuta de uma criança e foi o suficiente para vencer o destino, a morte e toda a sorte de pedras que insistiam em lhe machucar os pés.

O menino lutou, correu, brincou, estudou, cresceu e hoje escreve para vocês nesse blog rubro-negro capaz de juntar botafoguenses, tricolores, vascaínos, corinthianos e todos que se considerem gaiatos de natureza.

Hoje esse menino que aos 12 anos tinha mais 6 meses de vida, faz 25 anos muito bem vividos. Isso mesmo, 25 anos. Aí Destino, chupa e cospe!

Quero mesmo que todas as forças que tentaram me desanimar saibam que eu venci. Com Deus e pelos que me amam, eu venci.

E hoje agradeço aos amigos de antigamente: Juninho, Tia Cida, Tio Sidinei, Vaguinho, Marcelo, Duanne, Renan, Suco, Diego, Rômulo, Baldo, Élvis, Leander, Érica (cunhada-irmã), Léo Blazutti...

A um amigo que se foi: Jônatas, vulgo Pichaim, que está num lugar onde certamente todos olham por mim.

Aos amigos de hoje: Simone (my Love), Melissa, Samuca,Camila, Douglas, Lívia, Jorge, Tamara, Léo, Jô, Otávio, Samuca, Nayara, Thadeu (o vascaíno mais gente boa de BP), Gabriel (meu irmão de data), galera da facul...

À estrela que ilumina meu dia e aquece minhas noites: Letícia, a minha guardiã!

Meus amigos virtuais que sonho conhecer: Alceu, Abner e Guinha!

E um abraço ímpar a esses três que fizeram por merecer essa menção especial: Caio, o botafoguense maneiro vindo lá do norte e um cara que é impossível de esquecer; à Marina Beja, uma garotinha que traz intrínseco a sua personalidade um traço angelical e de um amor inigualável, do tipo que torna impossível qualquer manifestação de amor presencial sem derramamento de lágrimas; e ao Fabinho, meu grande irmão,amigo, companheiro dos tempos da vaca magra – não que hoje a vaca esteja gorda -, fiel parceiro nos livros e que sempre correu comigo, pedindo e rachando na compra das arte literárias para hoje podermos falar de igual pra igual com quem sempre nos olhou com desprezo.

E assim, finalizo com quem deveria ter começado. Um super beijo ao meu pai, Antônio Mariano, à minha mãe, Eli Gonçalves, à minha família, ex-professores e a Deus, cuja toda honra deve ser dada e todo o agradecimento, pois graças a Ele sou Mengão e posso sair de cabeça erguida zoando geral.

Aos que minha mente falha esqueceu, peço desculpas e a todos que de alguma forma torcem por mim, digo de coração um muito obrigado!

Flamengo, amigo e grato até na Reencarnação!