Se O Funk Se Resumisse A Isso... Paraíso |
Salve Nação e galera do avesso! Geralmente as terças-feiras são os dias mais tenebrosos para quem escreve sobre a paixão nacional nesse Brasil. A vizinha da segunda e da quarta não trás nada novo, não mostra gols, não humilha ninguém e só tem peso após demissões de treinadores, pois são nas terças que começam as especulações acerca do novo coach.
Eu, como escrevo (ainda que amadoramente) sobre futebol, mais precisamente sobre o maior clube de futebol da história e atualmente com o melhor aproveitamento no mundo (chupa!) também sou diretamente afetado pelo marasmo terça-feirense, porém por ajudar a povoar esse estado fluminense sempre sou agraciado por alguma gafe que inconscientemente pede para ser postada nesse blog flamengo. E hoje vou falar de algo que é feito por uma minoria, mas causa descorforto no grosso. O celular demoníaco dos funkeiros, a evolução BomBoxes. Pra quem não lembra, Bomboxes era o nome daqueles enormes rádios que eram usados nos ombros dos rappers.
Esse mal, que não é tão democrático, ataca preferencialmente a plebe, desfilando pelos adoradores dos quatro principais clubes do Rio - disse antes que algum engraçadinho venha falando que é coisa exclusivamente de flamenguista – e perturbando a todos nos mais variados horários do dia. Os caras das antigas, representantes dos renegados que andavam com aquele imenso rádio tocando rap na maior altura ganharam posteriormente a independência auditiva com o maior invento sonoro da humanidade. O fone de ouvidos. Por anos todos foram felizes na individualidade de seus walkmans, discmans, mp3’s, Mp4’s e Ipod’s. Porém foi exatamente a Apple a culpada dessa evolução involutiva que culminou nos celulares demoníacos.
A empresa mãe dos nerds mundiais, na necessidade animar as extenuantes festas de seus gordinhos playboys de apartamentos, sentiu-se obrigada a inventar algo que proporcionasse vazão a partir de seu cobiçado Ipod. Foi quando um gênio nerd (redundante, não?) descobriu que uma pequena caixinha seria capaz de fazer um estrago nas festinhas-marasmos dos playboys tricolores e seus cinco amigos vascaínos gordinhos alienados que se embebedavam ao som de MAG e Madona sem nenhuma gatinha. Todavia o baixo preço de custo das caixinhas atrairam os olhares chineses, e esses seguindo sua veia pirateira rapidamente clonaram aos montes o feito e comercializaram ao mundo a ultra-mini caixinha. E nesse emaranhado todo, os prejudicados foram os habitantes do Rio de Janeiro.
Do longínquo MC Marcinho, desfilando por MC Serginho, Perlla e Proibidões, somos atacados impiedosamente pelos abas retas e suas músicas (desculpe Bethooven, mas eles chamam funk assim) lotadas de intelecto reverso. Entendo que certas festas precisam de um funk pras gatinhas perderem a linha e isso eu apoio, desde que haja festa.
Esses dias mesmo, dando meu role diário era punido com a triste companhia indireta de um cidadão vestido de várias cores, um boné amarelo, andar jogado e uma música que abordava todo o código penal. De furto de galinhas à tráfico na Colômbia. Se tal garoto se empenhasse no Direito já chegaria no 4º período, mas provavelmente optará por usá-lo em sua defesa num futuro nem tão distante.
Cheguei a ficar preocupado com o estilo musical e o vestuário anti-tendência do menino, mas meus ouvidos mergulhados em música clássica desde os 8 anos, adaptado ao bom rock’ n roll na adolescência e que hoje peneira tudo e retém o que é bom, doíam demais para que o destino vindouro do pobre garoto sobressaísse em minhas preocupações.
Qual a solução para nos livrar de tamanho pesadelo? Creio até que a pergunta deveria ser onde começou tal pesadelo?
Algumas mentes afirmam que o efeito Malhação é a causa de tal epidemia auditiva. Sim, pois na telinha os meninos, meninas e professores têm sua vida toda retratada por uma trilha sonora e os tupiniquins sentem-se no direito. Entretanto, ao invés de Creed, Charlie Brown Junior e Amy Winehouse, tais pessoas são “brindadas” com MC’s Não Sei Ler com variações para MC’s Tô preso.
Galera, mais nostálgico que a sala de troféus do Botafogo é ter que presenciar todos os dias as cenas supracitadas. Qual castigo e de qual vida, estaríamos pagando? O que virá após essa fase? Imaginem o estrago que será quando o Ipad estiver em poder da maioria?
São tantas perguntas e tanto medo que fico sobressaltado apenas em falar.
Mas enquanto a tortura ainda está em níveis suportáveis, juro pensar numa forma de sanar tal mal, porque os funks estão cada vez piores, exigindo cada vez menos dom e adquirindo cada vez mais adeptos.
Que saudade dos tempos em que música podiam ser transcritas em partituras. Éramos felizes e não sabíamos. A solução será voltarmos ao vinil, porque eu quero ver malandro bancando o Hulck e andando com vitrola nos ombros pelas ruas.
Flamengo até na Reencarnação!
Nenhum comentário:
Postar um comentário