Acreditem, Nesse Momento, Eles Estão Sendo Flamengo |
Salve Nação Rubro-negramente campeã! Acordei nesse sabadão esquisito repleno de flamenguismo, de forma tão abrutada que meu rubro-negrismo aflora, exala e contamina. Participei ontem a noite de uma confraternização onde só havia flamenguistas extremes e nossos irmãos mais velhos tricolores de raiz. Muita comida, bebida, doces e um clima que só a fraternidade Fla-Flu é capaz de proporcionar num tempo onde ser rival tem significado o arrancamento de cabeça como se valesse a sobrevivência. Por isso, ainda sobrepujado desse amor recebido a olhos nus de meus brothers de sangue e co-irmãos tricolores, resolvi expor nesse post algo que de tão Flamengo atinge todo e qualquer torcedor do universo, vivo ou morto.
Todos sabemos que ser mulambo é ser excluído, sofrido, mas exímio lançador de modas e tendências. Alguns pelados de Mundial cujo símbolo maior relembra vários dos maiores massacres genocidas já presenciados na história Mundial se enaltecem ante o pioneirismo (por vezes contestável) dentro das quatros linhas. Primeiro isso, primeiro aquilo, primeiro campeão, primeiro blá, primeiro blé... Lindo, maravilhoso, porém o que essa gente não tem noção – e quando tiverem ideia irão tentar o suicídio da marquise logo após o fim do post – é que ao contrário desse pioneirismo que o tempo e nossa competência desportiva abiscoitaram num mero pioneirismo fajuto, nossas conquistas, nossos firsts são até hoje homenageados por eles até mesmo quando nos insultam.
Se repararmos aquelas imagens cheias de bolinhas pretas estourando das Copas de 1938 até 1950, veremos torcidas uniformes, todos bem trajados, sentados e comportados, com seus binóculos a assistir a partida de soccer do alto das arquibancadas como se estivessem num jóquei clube. Ver um jogo de futebol era assim no mundo inteiro até o Flamengo começar a lançar tendência através de seus mulambos negros analfabetos das arquibancadas e gerais do Maracanã, mais precisamente por Jaime de Carvalho fundador da Charanga Rubro-Negra, a primeira torcida organizada do futebol mundial em 1942. Jaime ainda seria o primeiro torcedor no planeta a trocar o paletó e gravata por uma camisa de time nas dependências dum estádio – na época torcedor não possuía camisa, pois esse item não se vendia, era restrito aos jogadores – lançando a moda que renderia milhões de dólares a fornecedores e equipes de todo o mundo até o dia de hoje.
Inspirado nesse “produtor favelado de modas”, Cláudio Cruz iria mais longe colando em pontos estratégicos, dentro e fora do Maraca, cartazes que diziam “Vem aí a Raça Rubro-Negra”, “Vai nascer o maior movimento de torcidas do Brasil”, criando assim o primeiro marketing da história do futebol (sem ter noção do que era marketing). Até mesmo o punho cerrado erguido foi o primeiro gesto mudo que caracterizava uma torcida organizada. Atualmente copiada aos montes pelo resto do Rio de Janeiro e do Brasil.
Impulsionado por essa revolução nas arquibancadas nascida na Charanga Rubro-negra e agora ganhando contornos próprios na Raça Rubro-Negra, Cláudio Cruz acabou por, novamente despropositalmente, criar uma característica hoje indispensável em qualquer parte do mundo – torcer de pé, cantando e batucando. Sim, até a chegada da Raça Rubro-negra se torcia sentado e semi-calado. Desproposital porque Cláudio era hiperativo e aquele costume de torcer sentando e levantar nos intervalos o deixava louco. No início, a inversão da ordem (passar o jogo de pé e sentar no intervalo) rendeu aos casacas vermelhas muitos mijos e garrafas arremessadas, mas aos poucos os torcedores viram que tal mudança era benéfica e impulsionadora da equipe. Aos gritos de "Vamos, levantem!" foram introduzidas entre os torcedores as músicas, os sambas, os batuques.
Hoje é incabível passar 90 minutos sentado, calado e sem uniforme do seu time do coração. E sempre, toda vez que vir um, dois, ou milhares de famélicos amigos do recalque sem fim incentivando suas equipes e/ou ofendendo nossa torcida multicores e das mais variadas classes sociais, não se ofenda, não se irrite. Saiba que a cada bandeira, faixa, cântico e gritos incessantes, eles indiretamente exaltam “Obrigado, Flamengo. Sem vocês, nada disso seria possível”.
Flamengo até na Reencarnação!
PS1: Aê galerinha. Não deixem de curtir todas as segundas-feiras minha coluna esportiva no Bandeira Dois. Bora lá repetir a moral que vocês sempre me deram aqui. Valeu!
PS2: Você Mulambo dominador do mundo que tem um amigo vice, sem noção, o papo é contigo. Ofereça a esses iludidos a leitura do blog recém-nascido Vascaínos S.A do meu brother semi-salvo Thadeu Vascão que sempre que pode dá uma fortalecida aqui nessa casa flamenga. Quem sabe fazendo uma leitura essa gente não deixa de sonhar e acorda pra realidade?
Concordo em gênero, número e grau!
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