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    quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

    35 MILHÕES DE ANGELINS

    Tão Angelim Quanto Eu e Você

    Salve Nação! É em clima de total nostalgia e reconhecimento que começo o post de hoje. Também é inevitável não marejar os olhos d’água ao se referir a Ronaldo Flamenguista Angelim que certamente tem a alma da Silva como a maioria dos sofridos e excluídos que compõem esse povo e em especial a torcida do Mais Querido Do Universo. Angelim é uma daquelas peças raras que só o destino tem o poder de esculpir, lapidar e tornar valiosa – que diga a torcida do Flamengo.

    Qualquer ser rubro-negro provido da mínima noção de tempo e realidade ainda sente na pele o jejum de 17 anos sem conquistar um Nacional, uma injustiça ante a grandeza do Flamengo, e tais seres que presenciaram a quebra do jejum, o capricho do destino, certamente idolatra às descaradas independente de credo, Ronaldo Brasileiro Flamenguista Angelim, o menino de Juazeiro que saiu do poço do Ceará para fazer história para o Brasil, para a maioria, para o mundo.

    Desde o fim da geração dourada do Flamengo em 1992 que nosso clube vinha passando por um período profano à nossa realidade e à gente que aquele manto rubro-negro representa, se enchendo de vaidades, jogadores caros e descomprometidos e com pouco, muito pouco de Flamengo. Talvez por isso, o destino tenha colocado sua mão sapiente sobre nosso amado Rubro-Negro e sentenciado a anos de sofrimento e uma longa espera até que o mínimo de Flamengo fosse restabelecido. Tivemos craques, super-craques, melhores do mundo, super-treinadores, super-investidores, mas faltava algo, o principal, faltava Flamengo. O Rubro-Negro das multidões não é como qualquer agremiação desportiva onde planejamentos, boa vontade e bons jogadores resolvem toda e qualquer parada. O Flamengo é um misto de estrutura, profissionalismo e vontade do povo, e essa é a que tem o maior peso.

    Desde o fatídico campeonato Brasileiro de 2007 após aquela arrancada da zona de rebaixamento à Libertadores que o caminho do sucesso fora posto a mesa. No momento em que tudo perigou a Nação resolveu calçar seus chinelos, suas bermudas surradas, suas camisas vermelha-e-pretas ultrapassadas e com estas amarradas às suas cabeças ir presencialmente cobrar o barulho que envolvia mais que um clube, mais que um amor, mais que uma vida, envolvia o Flamengo. A partir dali era só seguir as dicas do tempo que cedo ou tarde a congratulação viria. Durou apenas mais 2 anos.

    No ano em que tivemos Adriano, o ex-favelado amante dum churrasco na laje que nunca negou nem abandonou as origens representando o gaiato rubro-negro carioca, Petkovic personificando os rubro-negros convertidos pelo mundo e Angelim como a imensa maioria flamenguista habitante dos desertos áridos, periferias e tártaros daquela gente sofrida do Nordeste, enfim o invólucro de nossas vidas (o tempo) resolvera ser generoso e dizer: - Está bem Flamengo. Dever de casa feito e com sucesso.

    Na base do soca com raiva, coração na boca, tudo foi se desenhando, se traçando na beleza e destreza do mais sentimental e perfeito artista. Não tinha jeito, estava escrito que daria Mengão. Adriano, Zé Roberto, Petkovic, Léo Moura... todos esses para bater no pífio time reserva do Grêmio. Todos julgavam mais fácil que dar rasteira na avó. Mas aqui é Flamengo, esqueceu?

    Na Gávea a lei é simples. Sem luta não há conquista, porque a glória de nossas vitórias nasce do ardor de nossas guerras.

    E ninguém – enfatizo, NINGUÉM – melhor para levar a máxima medalha da honra do que o quase amputado, nordestino, brasileiro, flamenguista, ex-tirador de água do poço, Ronaldo Angelim, o único Ronaldo da Nação. Nascia ali não um herói, ou um ídolo, mas um deus.

    As potestades que regem nosso planeta finalmente agraciavam o mais humano rubro-negro dos humanos rubro-negros. Um homem que quando todas as lentes e microfones disputavam de modo anti-físico um mesmo lugar no espaço, ao invés de desabafar, gritar, esbravejar, lembrou-se de sua esposa e agradeceu. Bem que ela me disse – apregoava Angelim.

    Certamente, esse homem que hoje se despede do Flamengo não é o melhor zagueiro da história, não é o melhor da atualidade, mas não precisa nem precisará. Ele possui um prêmio que nunca outro zagueiro na história receberá, o laurel de ser Ronaldo Angelim, um homem cuja humildade transcende todo e qualquer valor. Um cidadão rubro-negro que no alto de suas poucas letras e seus 36 anos num momento de profunda emoção quando perguntado sobre suas vaidades disse a que talvez seja a maior frase rubro-negra do milênio.

    “Não possuo muitas vaidades. Minha única vaidade é ser Flamengo” (Ronaldo Angelim).


    Flamengo até na Reencarnação!

    PS1: Aê galerinha. Não deixem de curtir todas as segundas-feiras minha coluna esportiva no Bandeira Dois. Bora lá repetir a moral que vocês sempre me deram aqui. Valeu!

    PS2: Você Mulambo dominador do mundo que tem um amigo vice, sem noção, o papo é contigo. Ofereça a esses iludidos a leitura do blog recém-nascido Vascaínos S.A do meu brother semi-salvo Thadeu Vascão que sempre que pode dá uma fortalecida aqui nessa casa flamenga. Quem sabe fazendo uma leitura essa gente não deixa de sonhar e acorda pra realidade?

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